30.9.14

Burburinho

Numa cidade média-pequena (80.000), quando falece alguém popular os habitantes ficam em polvorosa. A três semanas, um dos cinco irmãos, empresários que exportavam granito, jogou-se do prédio mais suntuoso da cidade.
A família estava falida, e ele fora o solteirão playboy até entrar em depressão profunda nos últimos anos. Todos comentavam chocados e boquiabertos... como foi possível seguir de um extremo a outro, assim?
Esta cidade aparentemente possui um índice de suicídios acima da média. Ninguém quer tirar a própria vida e sim o sofrimento, angústia extrema. É um grito de socorro tardio, ecoando e fantasmando na nossa consciência.
Hoje, um infarto vitimou outro empresário popular, do ramo de petiscos industrializados (batatas). Está difícil circular pelas imediações do local de velório, tamanha aglomeração. O impacto na vida familiar (deixa mulher e filhos) e na empresa só pode ser imenso, gerando um longo vácuo.
Em contrapartida, há anônimos que perdem os seus cá e acolá, e muitas vezes nem nos damos conta. Enquanto eu era atendida por mais de uma hora com especialista no INSS, no guichê ao lado outra senhora desandou a chorar.
Passou a relatar como perdera o filho no trânsito, e o imprudente que o vitimou fica postando fotos no "face" com latinha de bebida em mãos, pois ainda não houve julgamento. É uma situação difícil estar ao lado da cena, recebendo fluídos de total desolação.
Resta aceitar que o tempo aos poucos amenizará marcas tão sulcadas, nesse imbricado jogo de vida e morte a permear tão consciente e significativa existência humana.

29.9.14

Devaneios

Acabo de chegar do poupatempo com identidade renovada (eu nem sabia que vence a cada 5 anos). Amanhã farei uma saída mais cedo da aula, pois tenho agendamento 11 h 00 no INSS.
E acabando com tanta papelada, em novembro devo renovar a carteira de motorista... a gente não tem sossego mesmo.
Volta às aulas após mini-férias; tarde tão abafada, que está incomodativa: 32º, com previsão de chuvas para amanhã e quarta (ela vem chegando devagar).
A escola parecia um praça de guerra, com folhas secas devido a um vendaval de sexta à noite; carteiras amontoadas, visto que os jogadores lá se alojaram. As crianças chegaram sonolentas e logo se animaram.
Das 22 crianças, 5 ainda estão demasiado atrasadas, e justamente elas são as que mais faltam à aula. Crianças cujas famílias não levam a sério a vida escolar, não contribuem na tarefa de casa (com exceção de 1, que tem o raciocínio um pouco lento, apesar dos esforços familiares). 
É uma labuta, pois são crianças que seguirão sempre no fim da fila; costumam carregar a dificuldade em todo o período escolar, e não é repetência que resolve essa falta de interesse e apoio familiar.
Uma garotinha cuja mãe inculcou-lhe que fora abandonada pelo pai (porém a mãe ataca-lhe a pensão alimentícia paga pelos avós paternos) é meu caso mais preocupante. Do nada ela fica apática, chupando dedo e enrolando o cabelo, recosta-se e não há quem a convensa a participar das atividades (no caso de hoje - jogo em duplas). Detalhe: há um meio-irmão de 1 ano e logo virá o 3º (diz a mãe que o anticoncepcional falha sempre); e em breve estarão na escola.
Não se trata de pobreza ou número de filhos, pois tenho outra garotinha d'uma família de 6, oriundos de olaria. Ela apresenta dificuldades, todavia na família  há demonstração de interesse, com oferecimento de suporte mínimo. Ela procura avançar e evolui gradativamente - alcançará média mínima necessária sempre. Raramente ela se ausenta da escola, e apesar da inteligência racional ser sofrível, a inteligência emocional é íntegra.
Daí chegam dados de alguma avaliação educacional comparando-nos a países do 1º mundo, como se as condições, oportunidades, e processo de seleção desde a fase gestacional fossem os  mesmos. Daí o Brasil fica lá embaixo, e com tantos casos de inclusão nas salas regulares necessitando atenção diferenciada...
Depois perguntam por que o Brasil é tão mais violento que o 1º mundo, com uma população tão desigual... Será que é porque lá somente nasce a nata da sociedade? Até  casos de Síndrome de Down são detectados e... São mundos e mundos.
Hipocrisia: deriva do latim e do grego e significava a representação no teatro, dos atores que usavam máscaras, de acordo com o papel que representavam em uma peça.
Que assumamos a passionalidade ou o pragmatismo, porém o façamos por inteiro "de cabo a rabo".
|magem

28.9.14

28 de setembro é...

Situação jurídica do aborto ao redor do mundo:


... dia latino-americano e caribenho pela descriminalização do aborto.
O hemisfério norte, desenvolvido, está quase todo azul, assim como Uruguai, África do Sul... Observe os países em amarelo, parceiros ideológicos do Brasil, incluindo parte da África e a Irlanda lá em cima.
O quadrinho verde é intrigante: difere do Brasil com o item "fatores socioeconômicos".
Lembremos  de que ter direito ao aborto (mesmo em casos específicos) não significa  fazer uso deste direito.
Quando vejo nos noticiários meninos de 11 anos com arma em punho, rememoro este tama que causa tanta repugnância quanto o ato do garoto.

  Legalizado em todos os casos.
  Legalizado em caso de estupro, risco de vida, problemas de saúde, fatores socioeconômicos ou má-formação do feto.
  Legalizado em caso de estupro, risco de vida, problemas de saúde ou má-formação do feto.
  Legalizado em caso de estupro, risco de vida ou problemas de saúde.

  Legalizado em caso de risco de vida ou problemas de saúde.
  Proibido em todos os casos
  Varia por região
  Não há informação

Gravidez na adolescência

Eu lido com crianças de baixa renda a mais de 20 anos e noto o quanto casos de gravidez na adolescência acometem uma localidade.
A vulnerabilidade dessas crianças, que vão reproduzindo o padrão - usam entorpecentes na adolescência e engravidam - o bebê apresenta sequelas e cresce, usa entorpecentes e engravida também. 
O número dessas crianças concebidas acidentalmente tem aumentado na sala de aula, pois casais numa estrutura familiar estável já não engravidam.
Boa parte dos concebidos acidentalmente traz sequelas emocionais decorrentes desse quadro. E inclusive podem vir a aumentar o epidêmico quadro de violência.
Daqui da oficina, observo meninas grávidas que estudaram na escola onde atuo, subindo para fazer pré-natal no postinho de saúde (na esquina): tão jovens, sozinhas subindo o morro! O que aconteceu ao método contraceptivo, se é que houve algum? A maioria está em vulnerabilidade social e não teria como criar convenientemente um bebê.
O que o poder público tem feito para que métodos sejam mais eficazes, sobretudo para adolescentes? Sabemos que para elas, pílula tomada religiosamente todo dia não funciona; preservativo menos ainda... Implante subcutâneo? Briguei tanto por ele na década de 1990, no cargo de conselheira tutelar.
É terrível a gente ver adolescentes usuárias prestes a engravidar e não ter ação, não ter forma de brecar algo que incidirá negativamente em toda a comunidade e sobretudo no bebê vindouro. Este quadro está diretamente ligado à onda de criminalidade que assola a periferia de grandes (e pequenas) cidades.
Conquanto, qualquer cidadão em vida sexual ativa pode ser vítima de um método contraceptivo; quase nenhum é totalmente seguro. Como proceder diante de tais riscos? Quem paga pelas consequências?
A projeção populacional mundial para 2050 pode variar drasticamente de acordo com a conduta seguida por políticas públicas vindouras. Apimentando a polêmica, este texto nos faz divagar.
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Desperdício

Consumimos desmedidamente num Planeta que passou a comportar cerca de 7 bilhões e meio de pessoas.
E não falo apenas da toxidade dos esmaltes, maquiagem, tinta de cabelo. Tenho conhecidas que não ficam 1 dia sem esmalte; pintam cabelo religiosamente a quatro semanas; usam maquiagem até em sol escaldante. Se pensarmos nos riscos da toxidade, poderemos ser mais naturais, limpas.
Pensamos tanto na limpeza da casa, da roupa, nos banhos assim e tal, em alimentos limpos de toxinas, saudáveis. Nos preocupamos com o funcionamento correto dos intestinos para estarmos limpos - de corpo e alma.
E toda essa sujeira a que nos impomos em nome de uma ditadura da moda, da beleza, do enquadramento num perfil estético? Agimos sem ruminar, gastamos horas e dinheiro nessa verdade incontestável que nos condiciona.
E o esbanjamento que era restrito a roupas, calçados e acessórios, agora estendeu-se a utensílios domésticos, móveis, carros. Ninguém mais se senta numa máquina de costura para revitalizar peças de roupa "cansadas". Sapateiro? Deite ao lixo e compre mais... acessórios então, são descartáveis.
De madrugada, quando saio para pedalar com o meu Par, vejo meninas voltando a pé de festas, com sandálias altíssimas à mão. Descalças e pisando doído no asfalto crespo e sujo(?). 
Já vemos nas caçambas aqui do interior, móveis e eletrodomésticos seminovos. É mais prático descartar do que escolher alguém para doar, levar até lá... e a pessoa pode até se ofender, achar que tá sendo chamada de pobre!
E onde vamos desovar tanto veículo que se acumula nas garagens, inúmeras revendas de seminovos, abandonados em via públicas, enquanto outros tantos exemplares são fabricados a cada ano?
Dizem os cientistas que até meados de 2070, pelo menos, a população continuará crescendo, chegando a quase dez bilhões. Caberemos nesta judiada nave, se o consumo diminuir? Porém, qual a chance de diminuir? Esse jogo de forças entre consumo/ economia e ambientalismo vai longe...
Desperdiçamos metade de um pé de alface, por exemplo. Os talos podem ir para um suco verde, ser refogados no arroz. A casca da banana pode compor um bolo integral, suco verde novamente, farofa. 
Eu estava na papelaria fotocopiando aqueles documentos para aposentadoria, que citei, e a balconista mãe de minha ex aluna entregou R$ 3,00  para a colega comprar um suco "natural" de garrafinha. Perguntei se ela sabe o valor d'uma dúzia de laranjas. Não! Com o mesmo valor compraria 24 unidades, levando de lanche da tarde por 24 dias úteis. Uma laranja picadinha e uma banana fornecem lanche rico e barato.
E a água? Aqui no interior, a água da torneira é corrente e tratada (nem fica em represa),  vindo diretamente do rio que escorre pelas encostas da Serra da Mantiqueira. É só usar uma torneira com filtro, contudo conhecidos meus compram água.
Aquela água engarrafada. Água parada que está a meses viajando de entreposto a entreposto, torrando ao sol sobre um caminhão na estrada, acumulando resíduos tóxicos do plástico. É melhor que nossa água corrente, pois é "mineral", é chique. Existe água vegetal ou animal? Água é em essência um mineral. 
Quando se viaja à Europa, vem-se elogiando a água "superior" direto da torneira, servida por lá. Vai entender...
Chique é ser simples, saudável, valorizar produtos locais e respeitar a Nave Mãe. Chique é se impor e ter atitude; é economizar o rico dinheirinho para gastá-lo inteligentemente. Uma boa forma é aproveitar a água da chuva, investindo o dinheiro de forma eficiente e duradoura.
Eu faço uso do aprendizado de infância para resgatar alimentos que caíram de moda e são orgânicos. Saio de moto com o Par pelas estradinhas ou trilhas das imediações e faço recolecção de beldroega, trapoeraba, picão, azedinha, erva de fazendeiro, serralha, caruru, limão cavalo, folhas de goiabeira. Higienizo e guardo em geladeira (parte eu congelo), garantindo suco verde variado e sem agrotóxico por dua semanas.
Também frequento a lojinha da igreja onde minha mãe é voluntária (brechó), tanto doando quanto comprando produtos usados; sei costurar e tenho imaginação. Um forro de carrinho de bebê vira belo tapete, assim como pernas de calças; chapéu vira cachepô para flores; cachecol vira novelo de lã. E meus alunos carentes fazem a festa! 
Sempre aceitei, e agradeci muito por doações de amigos e parentes, tando de roupas quanto de utensílios domésticos. Falo de boca cheia. Não sou tão pobre que não possa comprá-los, contudo não sou tão podre de espírito que não possa aproveitá-los.

26.9.14

Abortar?

Se houvesse uma amplitude maior do direito ao aborto nas favelas e periferias, incluindo-se casos de vulnerabilidade social, as estatísticas de violência seriam outras? Lá, chefes do tráfico possuem poder de engravidar diversas meninas ao mesmo tempo... seus futuros "generais".
O Planetinha está saturado e ainda aumentando o contingente de humanos, todavia certos países já se preocupam com o excesso de idosos e seus custos. Se preocupam também com a polêmica da migração / choque cultural.
O trauma gerado por uma gravidez acidental pode ser tão severo quanto o trauma d'um aborto. Seja ele legal ou clandestino. E debate-se o risco d'ele ser usado como método contraceptivo. E há que se pensar na eficácia, abrangência e falhas dos métodos contraceptivos convencionais.
Numa situação hipotética eu seria contra o aborto até uma ex-aluna de 14 anos em vulnerabilidade social engravidar. Será que seu bebezinho lindo, daqui a 11 anos não estará de arma em punho? Aqui no interior, bandido tem mãe e avó, e a gente conhece. E a gente sabe de antemão os casos de risco iminente.
A sociedade tem um discurso moralista-religioso em prol da gravidez, mas é ineficaz em mudar o destino desse feto em vulnerabilidade social. E 10 anos passam rápido. Uma criança no útero choca mais que uma criança na rua?
Uma decisão abortiva deveria ser debatida e ponderada por toda a família, indo além do casal em si? Há outras opções? Quais? E riscos (criminais, físicos, sociais, psicológicos), tanto da manutenção quanto da interrupção?
Por que pensamos "isso não é comigo"? Como foi a gestação de tantos adolescentes infratores vagando na madrugada? Não é mesmo comigo?
O empoderamento da mulher, levando-a a cobrar do Estado a ampliação do direito à interrupção da gravidez, visto que a ela incide a carga decorrente, vem sendo debatido cada vez mais. O que pensar? Como se posicionar? Com qual argumento?
Em casos especiais, como gravidez na adolescência, uma equipe multiprofissional no serviço público deveria oferecer respaldo familiar para que a decisão pudesse ser a mais acertada, tanto em manter, quanto interromper a gestação?
Todo a sociedade pagaria pelos altos custos deste serviço polêmico ou continuaria pagando mais tarde, num círculo vicioso de pobreza e crescente criminalidade?

Por exemplo: uma brasileira vivendo na Suíça engravida solteira. Ela tem o direito ao aborto, mas a decisão de abortar ou não É DELA e envolve muitíssimas questões. Há alguns posts emblemáticos no blog da Liana, após esta postagem, que nos fazem ruminar o tema; vale a pena procurá-los.
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25.9.14

Qual o milagre?

Na reeducação alimentar, o milagre é fazer o básico, trivial, banal, corriqueiro: ingerir alimentos saudáveis e pouco calóricos, queimando calorias.
Escolher um exercício físico que dê prazer e não altere demais a rotina - eu corro quase todo dia (4 km). Para perder bastante, cedo e à noite, modalidades diferentes.
Outro milagre é trocar a quantidade de comida por qualidade, comendo mais vezes. Passei a abrandar a fome antes que ela acorde; a média de três horas foi o pulo do gato para mim. Meu gargalo estava no fim da tarde, onde a fome rugia feito leão e me consumia.
Agora, eu gosto de fazer dois lanches da tarde com intervalo de 2 h 30 e entro na noite saciada para um jantar leve, sem gula ou ansiedade - essas irmãs gêmeas precisam ser domadas.
Uma banana em rodelas finas com granola feita em casa - nada de comprar granola pronta; laranja inteira, higienizada e picadinha, onde eu consumo até um pouquinho da casca, pois é rica; um mix de frutas; um suco rosa bem espesso; mamão bem lavado com casca e sementes - masco a casca e descarto, devido aos nutrientes. 
Eu alimentava as gêmeas com muito doce, era aí que engordava. Ficava beliscando 3 ou 4 vezes após o jantar. Agora, faço logo uma escovação daquelas ardidas e marco uma hora para tomar água de canela.
A água é de ajuda crucial - dois copos entre refeições, um a cada hora: come, bebe, bebe / come, bebe, bebe. Gotas de limão e caldo de canela em pau fornecem saciedade e saúde. 
Eu evito a água plástica, água parada que está a meses prá lá e prá cá na garrafa, esquentando e gelando, recebendo toxinas do plástico. Minha água corrente aqui do interior é de qualidade e tratada pela SABESP. Levo um galão térmico sempre que viajo. Fica comigo no quarto do hotel.
Quanto à canela, deixo os pauzinhos num copo (de vidro) durante uma semana, trocando a água todo santo dia. Aquele caldinho amarronzado que sai, diluo no copo d'água. A canela está entre as 10 mais ricas especiarias do Planeta.
Ah, a diferença entre especiaria e erva aromática é que erva é folha e especiaria é raiz, casca, botão, semente e fruto da mesma ou de outra planta.
Sempre temperança e moderação é a chave. Pequenos pauzinhos de canela são suficientes. Todo fim de semana substituo por novos. Meu Par não fica sem sua água de limão à tarde e água de canela à noite, agora com grãozinhos de urucum (?).
Não custa nada evitar a água com limão em jejum, pois é bem ácida. Nutricionistas divergem nesta questão; prefiro degustá-la no "vão" entre refeições.
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Cada um é único

Posto tema nutrição sobretudo para mim mesma: aprender mais e também interagir com vocês. Recebo muito auxílio da Net, pois não tenho nutricionista particular. Verifico diversas fontes com o mesmo tema e cruzo informações.
Cada pessoa tem o seu ponto fraco e forte, e deve conhecê-los: o exercício prazeroso, o alimento com apelo emocional, o horário de maior fome, a quantia de sono (nem demais, nem de menos), a ingestão de água, o porquê das "jacadas", a organização têmporoespacial.
Com o tempo, fui introduzindo o suco verde em jejum, o que eliminou minha gastrite. Antes só tomava café preto (e nem ligo para café). Conheci o suco rosa, que faço uma vez na semana, à tarde. Espalhei lanche natural para marido e filho, ponderando os embutidos;
Aprendi que um suco verde deve conter duas ou mais folhas, legume e/ou fruta (uso cascas também - ricas).
Dentre frutas, um pedaço de limão com casca é crucial para a vitamina C "abraçar" o ferro do suco. Uma lasca de gengibre melhora o sabor. Ultimamente tenho acrescentado dez sementes de urucum duas vezes na semana, devido aos carotenoides. 
O suco não deve ser coado, assim vale por refeição. Um fio de azeite no copo, para as vitaminas lipossolúveis. Eu uso óleo de soja ou oleaginosa; azeite é forte demais na madrugada. Acondiciono as folhas variadas num saco limpo e congelo.
Não ligo muito para pão, porém um sanduíche aberto, bem colorido, aconchega e nutre. Os mingaus (doces e salgados - de fubá, aveia ou outra farinha) dão aquela sensação de infância, de merenda escolar, de coisa de avó.
E os antinutrientes? Não basta colorir o prato, combinação é importante. A dose define o remédio ou o veneno - diversidade, ponderação e temperança sempre! Quase toda planta tem veneno toxidade como forma de defesa, em maior ou menor graus. 
As brássicassolanáceasoxalatosfitatos e outros alimentos com inibidores enzimáticostanino e arsênico, por exemplo, podem ser combinados, mas nunca combinados entre si na mesma refeição. 
Então: batata, pimentão (pimentas), tomate, berinjela, jiló, jurubeba contém solanina e não devem ser ingeridos juntos. Couve todo dia no suco verde pode judiar da tireoide. A minha querida beldroega no suco verde (tanto miúda quanto graúda) pode agravar propensão a pedras nos rins se não for moderada.
Quando os alimentos estão marrentos, apertando a boca, pinicando, amadeirados, podem estar com excesso de tanino (ou ainda meio verdes).
Há também misturas perigosas mesmo em alimentos totalmente diferentes, como oxalatos e laticínios - nunca ingira espinafre com molho branco. Eu mesma já fiz isso para alimentar minha família!

Hábitos

Hábitos Alimentares Saudáveis 2 500x342 Hábitos Alimentares Saudáveis
Eu já comia relativamente certo, porém reforcei e assimilei hábitos. Carregar lanche / marmita eu sempre fiz - amo a economia e praticidade d'um piquenique!
Não beber nas refeições é costume roceiro, de infância, que ajuda demais no emagrecimento. Beber só água foi hábito reforçado. Não descuido dela entre refeições, preferivelmente duas vezes.
Suco natural de fruta não é algo tão inocente - a frutose pode sobrecarregar o fígado - sempre prefiro a fruta inteira, com fibras, sementes e casca. Já pensou que num copo de suco de laranja são gastas 4 frutas que durariam 4 dias, custando na rua o equivalente a uma dúzia?   
Passei a organizar o tempo para fazer tudo com calma, me levanto 4 h 30 da manhã todo dia; inclusive para "bicicletar" aos domingos. Requeijão, pesto e creme de ricota caseiro complementam manteiga e margarina. O queijo já era frescal; mussarela só de vez em quando.
Aumentei peixe, praticamente eliminei fritura que já era raro. Leite desnatado não gosto, prefiro semi ou integral mesmo, consumindo pouco. Fugi dos industrializados e artigos de padaria - faço pão, bolo integral e bolachinhas (doces e salgadas) em casa, sem química.
Sempre consumi produtos de época, mais frescos e baratos, porém não dispenso frutas secas. Oleaginosas fico atenta, pois são controversas (castanhas e companhia). Evito os light, prefiro consumir standard em porções menores.
Já amava sopas, contudo descobri que no almoço são ainda melhores para o meu paladar. Faço sopões e congelo prá semana. Chego da escola atordoada, com pouca fome e degusto uma sopa fervendo... acalenta, viu?
Troquei doces tradicionais por mel, frutas (e secas), iogurte congelado feito sorvete (daquele comum de morango) e leite em pó com coco ralado (um mingauzinho - "bão").
Em momentos de "assistir TV na geladeira" (abre e fecha / abre e fecha), bebo água com limão e faço escovação ardida, mesmo que já tenha feito antes. Tapeio direitinho o cérebro.
Organizo um prato bem estético e aqueço bastante em micro-ondas. Não eliminei micro-ondas e freezer - são meus aliados, pois muita coisa faço só para mim (congelando partes). Quando  chego em casa com aquela fome incontrolável, tenho munição congelada prá matá-la imediatamente. Se for cozinhar com fome, fico beliscando porcaria.
Quando penso que devo correr 4 km a mais se sair da linha, manero na hora! Este é meu trunfo. Mais que comer o que gosto, procuro gostar do que comerei.

O que colocar no prato?

Uma colher de servir, com arroz integral. Eu intercalo com arroz branco feito com cenoura ralada. Uma receita dura dois dias na geladeira, pois "Fiotão" almoça no refeitório da fábrica. Aliás, ele tira fotos de seus pratos saudáveis! Marido come o mesmo arroz que eu.
Uma colher de servir também de feijão, uma pequena proteína magra e legumes refogados. Salada sem tempero - eu prefiro. Não sou muito de salada, então abuso dos refogados: chicória, abobrinha, chuchu, couve, mix de legumes. 
A proteína, faço aos fins de semana e congelo prontas: bife, peito de frango, carne moída (músculo), porco magro. 
Uso muito peixe: descongelo à noite e faço na hora, com um molhinho de cebola, tomate, algum legume e especiarias. Passei a abusar das ervas aromáticas (hortelã, alecrim, orégano, louro, cheiro verde, melissa, alfavaca)! tudo que dá chá, também vira tempero. 
Degusto a proteína como se fosse uma sobremesa. Aliás, a deixo mesmo por último ou misturo à salada. Uso ovo de toda forma: cozido, frito apenas em teflon untada, omelete, pochê; não descarto gema, por estar já na manutenção do peso. Gosto de acrescentar um ovo à carne, assim fica a carne de "sobremesa" e ovo junto aos verdes.
Feijão, cozinho aos fins de semana e congelo em potinhos de vidro (sobremesa), selados com filme plástico. Também cozinho grão de bico ou lentilha e congelo em potes de requeijão para minhas sopas.
Toda semana vou à feira livre, aqui na esquina. Pego frutas, legumes, verduras, mel, queijo frescal. Intercalo bons carboidratos como batata doce, abóbora madura, mandioca, inhame e muita baroa; uma espiga de milho verde não pode faltar; quando é época, pego pinhão e macadâmia.
O carboidrato: arroz branco, batata inglesa e farinha branca deve ser moderado. O fubá é um carboidrato médio e pode compor mingaus doces e salgados, assim como a aveia, que é riquíssima. Quando digo doce, é mingau ligeiramente doce, quase insonso.  

Quase nove meses

Não estou grávida, porém estou gestando minha reeducação alimentar desde o segundo dia do ano. Expulsei o encosto de 8 kg. Desci de 71 para 62 / 63 até final de abril; agora estou mantendo certinho.
Não posso chegar ao 63 e não posso ir abaixo de 62 devido às rugas... tenho 50 anos! Me peso toda semana em casa e toda vez que passo pelas duas farmácias mais próximas.
"Jaquei"? Sim! E jaco de vez em quando em eventos ou atacando as guloseimas do "Fiotão". O importante é retomar o caminho certo e ruminar o motivo da "jacada": gula ou ansiedade?
Eu evito coisas que me farão errar: amendoim parei de comprar; frango assado nem pensar, pois gosto da pelinha crocante; bolachas não trago e assim ataco as frutas.
Churrasco eu evito ao máximo, pois aprendi o quanto pode ser prejudicial: muito sal, sem o néctar da carne, gorduroso e até cancerígeno devido ao carvão / fogo próximo / queimadinho da carne. Sem contar que rola refrigerante - água morta.  
Refletir sempre, estudar várias versões de cada tema, ouvir boas opiniões, nos ajudam a elaborar um raciocínio qualitativo e ganhar força para seguir com alma leve, fazendo o mais correto  sempre que possível.
Conhecer-me, encaixar alimentos que sejam viáveis e prazerosos, entender que nem sempre a regra do outro valerá para mim, ir mudando a rotina conforme fica massante, pesquisar e estudar sempre, analisar prós e contras de cada alimento.
Valeu a pena tomar atitude? Demais! Ficar de bem com o espelho, ouvir elogios, reusar roupas encostadas, ficar livre da incômoda gastrite que me visitava nas madrugadas, ver no exame os triglicerídeos descerem para 42, manter os intestinos reguladinhos. E o barrigão? Taí a melhor parte.
Um bom livro? Claro, este guia é dos melhores: confiável e oficial. Nutricionista de bolso. Baixe gratuitamente, exponha na tela do PC e consulte quantas vezes surgirem dúvidas
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23.9.14

Canastra - aventura

Seguir por estas longas e desconhecidas estradinhas de cascalho requer horário - preferivelmente pela manhã; veículo correto (tracionado, alto, com bom estoque de óleo diesel se for o caso) e mapa (GPS perde sinal).
Uma visita prévia para ambientar-se é ideal; senão, contratar um guia ou levar companheiros é o correto. 
Veja quantas serras sobrepostas (apesar do tempo nublado).
Uma dupla de ciclistas que nos deu dicas: um deles é guia. Após estas placas próximo ao nosso veículo, nada mais nos orienta e nem sempre temos sorte de encontrar companhia. E tem muito chão aí para cima.
 Nos  muitos mirantes, vale parar e contemplar cada um dos pontos cardeais.
Uma nova pousada, à esquerda, numa trilha quase invisível. Há um jipe laranja na estrada e pessoas a pé.
Um dos ciclistas, lá atrás nesse morro íngreme. Corajoso à beça! O solo é sempre assim, pedroso, arenoso, esbranquiçado, sem terra viva, derrapante.
Logo atrás deste mirante, uma porteira na encruzilhada e um aviso: "Abotoe a porteira" - para manter a tramela posta, não apenas encostar. É que aqui venta muito e ela se abrirá sozinha na madrugada, ficará batendo se não abotoarem a tramela.
Condomínio de pedras. Na volta, cruzamos dois veículos traçados com turistas de nossa idade.
Planalto deserto, perto apenas das duas fazendas citadas no post anterior. Aqui, quase nada se planta devido às pedras, só gado perambula solto.
 Fomos e voltamos; o cavalo não sai de baixo da árvore... 
 Bem lá embaixo está a represa de Furnas, "mar vazio de Minas".
 No lado oposto, a Canastra emoldurando todo o planalto. 
Na volta, estrada não pavimentada rumo Glória. Há os povoados "Olhos d'água" e "Babilônia". Cruzamos cerca de sete pontes com rios grandes e pequenos. É pouca água límpida descendo as montanhas.
Só pelos rios e pontes improvisadas, já vale o passeio. As estradas estão ótimas e aqui a paisagem muda muito em relação ao entorno do parque. São fazendas com muita banana, café, cana e sempre o gado.
Continuamos por terra até Jacuí, e até Monte Santo - uma aventura longa, com mapa, GPS (que perde sinal nessas brenhas de terra batida) e valiosas informações de moradores.
Paisagens únicas, contudo estradas desérticas. Totalmente desaconselhável para quem não tem olho treinado, sob risco de se perder nas encruzilhadas traiçoeiras e sem sinalização alguma.

Canastra - águas

Tá, setembro é o auge da seca, todavia neste ano a seca vem desde janeiro, o mês em que habitualmente chove todo dia.
Esta cachoeira, no comecinho do "Complexo do Claro", quando viemos no ano 2000, era um jorro imenso, ensurdecedor. Hoje, filetinho d'água. 
Os rios, apesar de ainda cristalinos, viraram esses bancos de areia.
Pequena garoa, que nem molha a ponte. Aliás, esta é a única chicosa ponte de concreto rumo ao Claro!
Já lá no mais alto do espigão, próximo à Canastra, uma aguada presa, sem escorrer uma gota, onde antes era um rio.
Continuação da foto (outra à esquerda). Onde alguns carros passavam dentro do rio e raríssimas pessoas a pé na pinguela. Estorricadamente seco. 
Viramos a caminhonete, pois esta estradinha dá apenas numa fazenda completamente isolada, mas com moradores. Tomaremos a encruzilhada à direita (na volta) e continuaremos.
Há um aviso: "Não se permite motos nestas arcas". É que apenas os trilheiros estavam perambulando com suas motos pr'essas bandas (e nós).
A fazenda ao longe, nós na outra estrada. Há pessoas cuidando do curral. Certamente fazem queijo canastra - legítimo. O gado vaga esparsamente nestas terras ralas e ressecadas. Ah, tem energia elétrica! Você moraria neste paraíso, sem um helicóptero?
A última ponte, lá no chapadão. Veja o estado precário. Vai dar na última fazenda transitável.
Ponte noutro ângulo. O Par ao lado da corredeira quase seca. Ela é o principal fornecedor d'água para as cachoeiras do "Complexo do Claro", lá embaixo, onde se paga para visitar.
Pouca água, contudo cristalina. Dá até vontade de beber, porém quando viajamos, levamos nosso próprio galão de 5 litros, tipo pedreiro. Eu evito ao máximo a água  plástica (engarrafada e parada).
O sufoco da arvorezinha frente ás enchentes passadas. Quando chove, isso enche de repente, pois o solo é de pedra. Um  perigo para desavisados.
O fim do mundo ou quase. Chamamos pelo senhor que mora aí, mas ele não saiu. Devia estar nas brenhas a cavalo, cuidando do gado. Sua moto velha está na garagem.
Subindo, à direita, há uma trilha que dizem sair no "50 real". Tentamos um pouquinho, todavia até para a Triton estava perigoso, cheia de crateras e valas. Desistimos prudentemente de contornar e completar o círculo até Delfinópolis. Voltamos pelo mesmo lugar em que subimos.
Aqui, a passagem para a próxima cidade: Glória (São João Batista do Glória), onde já dormi certa vez. Antes se passava de balsa; agora, de tanto encalhar devido à baixa da represa, fizeram a longa ponte. 


Canastra - flores

Apesar do fogo que ardeu por todo canto, a exuberância desde jardim natural estava em cada curva da estradinha.
Um passeio barato, relaxante e exótico, numa natureza que nos afoga e afaga a cada golpe de vista. A Canastra, sempre ao norte, emoldura tudo isso com paredões vertiginosos.
Não se paga nada para percorrer estas estradas. Apenas o acesso às cachoeiras de baixo é cobrado (R$5,00). Aqui, ainda não é o parque; duas fazendas criam gado esparso.
É tudo pedra, nem lama faz, todavia a vida brota em cada fresta, cada montinho arenoso.
 Muitas abelhas, e um perfume estasiante. Veja o horizonte abaixo...
Brancas e delicadas, com hastes durinhas.
Mais abelhas num arbusto caulento e folhas leitosas. O céu começa a limpar.
Estas brotam no chão com folhas costeludas, veja meus pés.
Brancas e mínimas, cabem na palma. Compare com a grama.
Arbustos maiores, flores mais espalhadas, num rosa esbranquiçado.
Mais abelhas. Margaridinhas silvestres e perfumadas da Canastra.
Estas são delicadas e tímidas, irrompendo rusticamente do solo seco, feito menina cabocla.

Canastra - vegetação

Auge da seca, tudo dourado. Este pinheiro perfumado cresce em meio a brancos cristais.
Frutinhas do serrado. Estarão prontas na virada do ano.
Eu embasbacada... me sentindo miúda neste templo.
Estradinhas desertas morro acima. Última placa de sinalização abaixo, à esquerda. Após seguir toda vida, à direita ruma à Caca D'anta. Virei à esquerda... veja um ciclista doido!
Outras frutinhas exóticas, apesar do fogo que ardeu por quase toda parte.
Negras frutinhas... serão venenosas?
Esta palmeira, aparentemente não passa deste porte. São muitas, e produtivas, com cachos de coquinhos quase ao chão.
Uma negra colmeia no penhasco. São várias assim - imagine a riqueza do mel silvestre...